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A benção do trabalho

A benção do trabalho

Autor: Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

O dia mundial do trabalhador e da trabalhadora (1° de maio) nos faz recordar que, conforme afirmou o Papa Paulo VI na Populorum Progressio, (n. 27), “o trabalho é querido e abençoado por Deus”. Cabe ao ser humano, “dotado de inteligência, imaginação e sensibilidade, completar a obra da criação”, independente de ele ser “artista ou artífice, empreendedor, operário ou camponês”. Isso, porque “todo trabalhador é um criador”. Já o Papa João Paulo II afirmou que “graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção” (Redemptoris Custos, n° 22).

Partindo dos ensinamentos destes dois papas nos lembramos, com carinho, neste 1° de maio, de todas as pessoas que realizam o seu trabalho com alegria e dedicação. A partir do Santuário de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo, onde os bispos estão reunidos em assembléia desde o dia 30 de abril, saudamos a cada um dos trabalhadores e a cada uma das trabalhadoras que estão empenhados em cultivar a terra, produzir conhecimento, ensinar, cuidar ou produzir bens em benefício da humanidade. Com vocês, trabalhadores e trabalhadoras, agradecemos a Deus o dom do trabalho que Ele nos deu para o aperfeiçoamento da obra da criação. Somos felizes por podermos usar nossa força física e nossa capacidade intelectual para o trabalho que completa a nossa identidade e contribui para o desenvolvimento dos povos e a redenção da humanidade.

Em base ao trabalho de São José na carpintaria de Nazaré, afirmamos que não existe trabalho indigno para o ser humano. O que existe, sim, são condições indignas para o trabalho. A campanha da fraternidade deste ano nos alertou para as várias situações de trabalho escravo que existem, onde as pessoas são exploradas e não valorizadas como seres humanos. A Doutrina Social da Igreja afirma que nenhuma pessoa pode ser submetida a trabalho escravo ou ser forçada a trabalhar em ambientes insalubres sem a devida proteção.

O trabalho deve servir para aproximar as pessoas entre si e vir em benefício de toda a humanidade. Por isso ele supõe a solidariedade e a responsabilidade. Diz Paulo VI (PP n.17): “Herdeiros das gerações passadas e beneficiários do trabalho dos nossos contemporâneos, temos obrigações para com todos, e não podemos desinteressar-nos dos que virão depois de nós aumentar o círculo da família humana. A solidariedade universal é para nós não só um fato e um benefício, mas também um dever”.

Por intermédio de Nossa Senhora Aparecida em cujo santuário me encontro, São José Operário, e os santos recém canonizados: São José de Anchieta, São João 23 e São João Paulo 2°, invoco as bênçãos de Deus sobre os trabalhadores e as trabalhadoras que tem a graça de contribuírem, através do seu trabalho, com a obra da criação e da redenção. Que Deus a todos abençoe!