A Vida Eterna, um conhecimento
Para o Papa Bento XVI, na Carta Encíclica “Spe Salvi”, a “vida eterna” apresenta, inicialmente, dois sentidos: num primeiro momento, ela atrai os homens para si, e num segundo instante age como uma repulsora. Ele diz que esta vida que vivemos não é realmente a vida, mas uma constante busca pela “verdadeira vida”. Essa, no seu ensinar, é a “vida eterna”; “a posse da realidade celeste”.
A “Vida eterna” que atrai os homens é a busca pelo conhecimento de Deus, a Busca que se dá no cotidiano da vida. Deste modo, o homem sofre, mas com esperança. O Papa Bento XVI nos diz que existem três lugares de aprendizagem e de exercício da esperança: a oração, o sofrer e o agir e, por fim, o juízo.
A Oração é a ascensão de nossas súplicas a Deus. Ela nos coloca uma esperança que antecipa as alegrias, mesmo que estejamos mergulhados nas dores que a vida nos traz no decorrer do tempo. A oração, na Encíclica “Spe Salvi”, é apresentada como uma fé, a qual, mesmo na angústia, se faz presente.
Já com o sofrimento e o agir entendemos que todo sofrimento, quando se dá um sentido para ele, o mesmo se torna esperança. Assim, o sofrer cristão é aquele que espera em Deus. Sofrer porque se sofre na vida não tem nenhum mérito, mas sofrer para alcançar a vida eterna torna-se um sofrer meritório.
O homem sempre age em busca do “celeste”. Porém, às vezes, este seu buscar se depara com o sofrimento, mas o que lhe dará forças para vencer é a esperança.
O juízo, portanto, segundo o Papa Bento XVI, inicia aqui mesmo na terra. À medida que o homem chega diante de Cristo, sua própria vida lhe dirá seu fim. Cristo, com seu olhar, acolhe a decisão do homem, visto que ela já se foi construindo aqui na terra. O juízo será, todavia, a síntese de nossa vida entregue, possibilitando cada homem decidir. Deste modo, a síntese do juízo será pelos próprios atos do homem, será diante de Cristo, o qual acolhe o homem para a “vida eterna”, ou acolhe sua decisão para a vida do eterno sofrimento.
A grande esperança deve ser a recompensa que virá com a eternidade, ou seja, a vida bem-aventurada, a qual coloca o homem face ao Deus esperado, que com a vida eterna, não é mais esperado, senão Contemplado.
O Evangelho de São João nos diz que a “vida eterna” é “conhecer”, porém um conhecer no seu sentido pleno: o conhecer Bíblico. O Evangelista disse: “Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, Jesus Cristo” (Jo 17, 3). Diante deste texto, e, a partir da interpretação do Pontífice Bento XVI, a “vida eterna” é conhecer a Deus e a Jesus Cristo.
Até culminar no conhecimento pleno de Deus, o homem passa por algumas dúvidas em sua vida, visto que para se chegar à vida eterna, deve passar pela morte. E isso arrefece o desejo de buscar a vida eterna. O homem tem medo de tudo quanto reflete a “questão morte”. Deste modo, ele quer alcançar a vida eterna, até porque não quer viver eternamente nesta “vida”, mas não se vê preparado para a morte. Assim, diante da realidade “eterno” o homem se amedronta, fica todo tempestuoso. Contudo, ele quer e sempre tende para esta vida que o possibilita conhecer Deus e a Jesus Cristo, que é a “vida eterna”.
Padre Joacir d’Abadia, filósofo, autor de 15 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Acadêmico: ALANEG, ALBPLGO, AlLAP, FEBACLA e da “Casa do Poeta Brasileiro – Seção Formosa-GO”, Coordenador da Pastoral do Diálogo Inter-Religioso _Contato: (61) 9 9931-5433