A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
Um banco que de santo só tem o nome resolveu financiar um deboche à Igreja é à fé de seus seguidores. Recebeu o troco com a própria moeda. A exposição de “Arte Pornográfica” patrocinada por aquela instituição financeira tinha tudo para ser um sucesso de público na capital gaúcha, não fosse a ousadia de seus organizadores em associar o tema aos princípios da religiosidade popular, em especial a imagem do Cristo que foi vilipendiada e ironizada com o sarcasmo próprio do sentimento pornográfico e da baixeza moral daqueles que promoviam o evento. Em especial à fé católica, a audácia de seus corações enegrecidos se mostrou mais contundente ao profanar o símbolo maior da unidade cristã com palavras e terminologias em nada condizente com a pureza da fé eucarística.
Ironicamente, hóstia deriva de hostilidade. Representa o cordeiro imolado, vilipendiado pelas agruras da insensibilidade humana, pela ironia do pecado, pelo desprezo diabólico do Pai da Mentira, pelo abandono a que se submeteu ao se deixar crucificar e aceitar a morte como único instrumento de transição para a verdadeira vida… Mais uma vez, o sarcasmo daqueles que não se apercebem dessa verdade vem a público demonstrar sua triste insensibilidade, sua gélida indiferença ao que de mais precioso se é possível apresentar ao que ainda resta da dignidade humana: sua vida espiritual. Ironicamente, estampando o nome de órgãos e instrumentos de suas sexualidades pervertidas e afeitas apenas ao ato biológico e promíscuo da própria reprodução, eis que hostilizam mais uma vez o rosto imaculado de um Cristo a lhes oferecer a pureza de uma vida acima dos grilhões da carne, das ilusões da matéria tão só. Tentaram aprofundar o cravo, mas acertaram na ferradura de seus cascos acostumados a trotear na imundície. Nenhuma imbecilidade humana é capaz de macular a pureza da fé cristã.
O troco foi justo e imediato. Bastaram algumas imagens daquilo que julgavam “arte”, para uma reação em cadeia ameaçar a solidez financeira da instituição provedora do evento. Se você quer ferir um gigante, mexa em seu bolso. A ameaça de extinção de contas e movimentações financeiras por parte dos cristãos ofendidos falou alto. Suspendeu-se aquela acintosa aberração cultural e seus curadores ficaram a ver navios, feridos em seus orgulhos e convicções pessoais. Ainda se pode ouvir uma ou outra lamentação, mas nunca é bom arriscar fortunas, colocar em risco uma credibilidade institucional em troca de um sarcasmo gratuito contra um sentimento intocável, porém real. O amor, por exemplo, não se vê; mas também não se compra. A fé não se contabiliza num mercado de ações, mas na boa ação do indivíduo, na arte da convivência fraterna, no investimento das relações pessoais, não institucionais. Os gerentes do grupo financeiro descobriram isso ao custo da aversão de seu público. Talvez não tenham assimilado a lição, pois que a insensibilidade é própria do mundo de César, mas com certeza hão de pensar duas vezes antes de mexer com o vespeiro do divino, pois seu povo respeita e defende tudo o que a Deus pertence. Contra os poderosos do mundo está o poder da fé, esta que emana dos corações sensíveis às graças dos céus em suas vidas; que bem conhecem as perversões e a sagacidade dos corações prisioneiros da matéria, da sensualidade, dos prazeres sem compromissos morais, sociais, religiosos, mas que igualmente respeitam e praticam a “arte” de uma vida santa, submissa à fé de seus pais, ao amor de seu Deus. Pobres aqueles que não compreendem essa arte. “Insensatos. Cegos! Qual é o maior? O ouro, o templo que santifica o ouro?” (Mt 23, 17). Quem patrocina, ou quem santifica a arte de bem viver?
Por: WAGNER PEDRO MENEZES