A CELEBRAÇÃO EUCARISTICA, NA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO
Nos últimos anos, estamos nos envolvendo com aplicativos de celular que viabilizam relacionamentos rápidos, com diálogos instantâneos, bem como contatos interpessoais, ligações afetivas, profissionais e lúdicas. É o caso do Whastsapp.
Este aplicativo impõe um novo jeito de interagir entre as pessoas. Agora, boa parte da população recebe mensagens, comunicados, fotos, vídeos numa rapidez surpreendente.
Neste interagir com aplicativos (Whastsapp), estamos tomando ciência de inúmeras celebrações eucarísticas em todo mundo que estão totalmente deixando a desejar pelos vídeos que recebemos. Ex: padres dançando, padres fazendo propaganda de celebrações eucarísticas, andando de patins dentro da Igreja, padres cantando de maneira altiva, outros vestidos de paramentos incomuns para chamar atenção e tantas outras situações que envergonham a nossa Igreja. Achamos graça, compartilhamos rapidamente, mas por outro lado, causam-nos uma tristeza imensa pela ridicularizarão do mistério da eucaristia. Estamos desconsiderando a Igreja e fazendo do mistério pascal um grande espetáculo.
Esta realidade nos faz refletir sobre as celebrações eucarísticas em nossas paróquias e comunidades numa “sociedade do espetáculo”. A celebração da eucaristia é ainda o meio mais eficaz de alimentar a fé e o evento mais procurado pelo povo de Deus.
O criador do conceito “sociedade do espetáculo” foi francês Guy Debard, que definiu o espetáculo como o conjunto das relações mediadas pelas imagens.
A palavra “espetáculo”, na raiz, está ligada a espectador, ou seja, “aquele que assiste”. Não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediatizada por imagens.
Na “sociedade do espetáculo” a aparência torna-se algo importante, bem como a produção de imagens e a valorização da dimensão visual da comunicação como instrumento de exercício do poder e de dominação social.
“No espetáculo, o fim não é nada, o desenrolar é tudo. O espetáculo não deseja chegar a nada que não seja ele mesmo” (Debard).
Por: Dom Edson Oriolo, Bispo Auxiliar na Arquidiocese de Belo Horizonte MG